terça-feira, 22 de setembro de 2015

OMS: Suicídio já mata mais jovens que o HIV em todo o mundo

http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2015/09/oms-suicidio-ja-mata-mais-jovens-que-o-hiv-em-todo-o-mundo.html

22/09/2015 16h28 - Atualizado em 22/09/2015 16h28

OMS: Suicídio já mata mais jovens que o HIV em todo o mundo

Entidade revela que tirar a própria vida é segunda maior causa de óbitos entre pessoas de 15 a 29 anos; no Brasil, índice nessa faixa aumentou mais de 10% desde o ano 2000.

Valeria PerassoRepórter especial do Serviço Mundial
Suicídio já mata mais jovens que o HIV em todo o mundo (Foto: Reprodução/BBC)

"As pessoas simplesmente pensam que é um crime ter pensamentos suicidas. Não deveria ser assim", diz Lauren Ball, uma mulher de 20 anos que já tentou se matar várias vezes.
Seis, para ser mais preciso. A mais recente tentativa foi no ano passado.
"Sei que foi muito difícil para minha família", contou Ball ao programa de rádio Newsbeat, da BBC, voltado para o público jovem.
'Gatilhos'
Gabbi Dix sabia que sua única filha, Izzy, estava sofrendo com a chegada da adolescência, mas não imaginou que o suicídio rondasse seus pensamentos.
"Acho que nunca vou conseguir superar isso", conta a mãe da adolescente de 14 anos, que em 2012 deu fim à própria vida, numa cidade costeira do sul da Inglaterra.
Para muitos especialistas, o suicídio juvenil tem contornos epidêmicos. E, para a Organização Mundial de Saúde, precisa "deixar de ser tabu": segundo estatísticas do órgão, tirar a própria vida já é a segunda principal causa da morte em todo mundo para pessoas de 15 a 29 anos de idade - ainda que, estatisticamente, pessoas com mais de 70 anos sejam mais propensas a cometer suicídio.
Suicídios globais por idade em 2012 (Foto: BBC)
No Brasil, o índice de suicídios na faixa dos 15 a 29 anos é de 6,9 casos para cada 100 mil habitantes, uma taxa relativamente baixa se comparada aos países que lideram o ranking - Índia, Zimbábue e Cazaquistão, por exemplo, têm mais de 30 casos. O país é o 12º na lista de países latino-americanos com mais mortes neste segmento.
"O suicídio é um assunto complexo. Normalmente, não existe uma razão única que faz alguém decidir se matar. E o suicídio juvenil é ainda menos estudado e compreendido", diz Ruth Sunderland, diretora do ramo britânico da ONG Samaritanos, que se especializa na prevenção de suicídios.
De acordo com a OMS, 800 mil pessoas cometem suicídio todos os anos. E para cada caso fatal há pelo menos outras 20 tentativas fracassadas.
"Para a faixa etária de 15 a 29 anos, apenas acidentes de trânsito matam mais. E se você analisar as diferenças de gênero, o suicídio é a causa primária de mortes para mulheres neste grupo", diz à BBC Alexandra Fleischmann, especialista da OMS.
Diferenças
O Brasil, neste ponto, passa pelo fenômeno oposto: índice de suicídios nesta faixa etária para mulheres é de 2,6 por 100 mil pessoas, mas a taxa salta para de 10,7 entre a população masculina. Mas, entre 2010 e 2012, o mais recente período de análise de dados da OMS, o índice feminino cresceu quase 18%.
Em termos globais, uma variação chama atenção: 75% dos suicídios ocorrem em países de média e baixa renda. E as diferenças socioeconômicas parecem ter impacto mais forte entre adolescentes.
Distribuição regional de suicídios em 2012 (Foto: BBC)
Análise de gráficos sobre suicídios mostra picos dramáticos entre a população de 10 a 25 anos em países de baixa renda.
Tais "saltos" não são vistos em sociedades mais afluentes, o que sugere maior risco de suicídio entre populações mais pobres.
Ainda no segmento juvenil, a OMS diz que mais homens cometem suicídio que mulheres.
"A masculinidade e as expectativas sociais são os principais motivos para essa diferença", explica Fleischmann.
Mas essa diferença entre os gêneros é menor em países mais pobres, onde mulheres e jovens adultos estão particularmente vulneráveis.
Em países mais ricos, homens se matam três vezes mais que mulheres, mas em países de média e baixa renda, a relação cai pela metade.
A intensidade também tem variações regionais.
Para especialistas, suicídios são mais do que fatalidades. Pesquisas acadêmicas revelam que pelo menos 90% dos adolescentes que se matam têm algum tipo de problema mental. Eles variam da depressão - a principal causa para suicídios neste grupo - e passam por ansiedade, violência ou vício em drogas.
O que mais mata os jovens? (Foto: BBC)
Mas há "gatilhos" que podem ser sutis como mudanças no ambiente familiar ou escolar, passando por crises de identidade sexual.
Por isso, os especialistas recomendam prestar atenção nos sinais iniciais. E, não por acaso, a mais recente campanha dos Samaritanos foi dirigida a estudantes britânicos iniciando o período letivo nas universidades.
Também recomenda-se atenção a questões com o bullying, incluindo suas manifestações pela internet. Especialistas também argumentam que o sensacionalismo na mídia pode encorajar imitações.
"Neste caso, um efeito positivo inverso seria encorajar as pessoas a procurar ajuda", argumenta Sutherland.
Grupos envolvidos com a questão também argumentam que o suicídio deveria se tornar uma questão de saúde pública. No entanto, apenas 28 países têm estratégias nacionais de prevenção.
"A Finlândia, por exemplo, em uma década viu seus índices caírem 30%", conta Fleischmann.

Cientista prevê transplante de cabeça em dois anos

http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2015/02/cientista-preve-transplante-de-cabeca-em-dois-anos.html

27/02/2015 06h15 - Atualizado em 27/02/2015 06h16

Cientista prevê transplante de cabeça em dois anos

Procedimento, cuja viabilidade técnica é questionada, traz à tona debate sobre ética médica.

Da BBC



O primeiro transplante de cabeça da história poderia ocorrer em dois anos, segundo uma reportagem publicada nesta semana pela revista NewScientist.
É a possibilidade que estuda uma equipe liderada pelo cirurgião italiano Sergio Canavero, do Grupo de Neuromodulação Avançada de Turim. O grupo deve apresentar a proposta durante uma conferência médica nos Estados Unidos neste ano.
A técnica consistiria em implantar a cabeça de um paciente de doença grave no corpo de um doador que tenha tido morte cerebral.
Em entrevista à NewScientist, Canavero disse que a cirurgia poderia prolongar a vida de pessoas que sofrem de degeneração dos músculos e nervos ou que tenham câncer.
Ele disse, porém, estar ciente de que a proposta gera muita polêmica e que entraves éticos podem ser uma grande barreira. Canavero prevê ainda que sua equipe enfrenta dificuldades para conseguir autorização para desenvolver a técnica nos Estados Unidos.
"Se a sociedade não quiser isso, eu não vou fazer. Mas se as pessoas não quiserem nos Estados Unidos ou na Europa, não significa que não será feito em outro lugar. Estou tentando fazer da forma correta. Antes de você ir à lua, tem que ter certeza que as pessoas o seguirão", disse Canavero à NewScience.
Técnica
O cirurgião italiano publicou neste mês uma lista de técnicas que tornariam o transplante possível.
Elas incluem procedimentos como resfriar a cabeça do receptor e o corpo do doador para evitar que as células morram sem oxigênio, cortar os tecidos do pescoço e conectar as veias e artérias maiores a tubos finos e seccionar os nervos da espinha.
Uma das partes mais complicadas da eventual cirurgia seria conectar os nervos da espinha do corpo aos nervos da cabeça. O cirurgião usaria uma substância química com polietileno para fazer as conexões e eletrodos para estimular as novas conexões nervosas.
Canavero disse também à NewScience que logo após a cirurgia o paciente passaria semanas em coma e inicialmente seria capaz de mover os músculos do rosto e falar com a mesma voz que tinha antes. Porém, seria necessário pelo menos um ano de fisioterapia para que pudesse andar.
Segundo ele, diversas pessoas já teriam se candidatado ao procedimento.
Segundo a NewScience, um procedimento similar foi testado em um macaco nos anos 1970 por outra equipe. O animal conseguia respirar com ajuda de aparelhos mas não podia se mover, pois sua cabeça não havia sido conectada aos nervos da espinha.
O animal morreu dias depois devido à rejeição de tecidos.
Chances
A revista ouviu diversos especialistas na área que se disseram céticos em relação à viabilidade da técnica. Alguns ressaltaram pontos técnicos difíceis de resolver, tais como a dificuldade de fazer o paciente passar pelo coma de forma saudável.
Outros levantaram dilemas éticos, como a possibilidade de que, se der certo, a cirurgia seja usada para fins cosméticos. Ou disseram que o procedimento pode até se tornar realidade, mas não em um prazo tão curto.

sábado, 19 de setembro de 2015

Cientistas desenvolvem pequena capa de invisibilidade

http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2015/09/cientistas-desenvolvem-pequena-capa-de-invisibilidade.html

19/09/2015 05h00 - Atualizado em 19/09/2015 05h00

Cientistas desenvolvem pequena capa de invisibilidade

Aparato manipula luz, mudando como raios de luz incidem sobre um objeto.
Capa microscópica pode envolver um objeto do tamanho de células.

Da France Presse
Imagem mostra ilustração em 3D de 'capa da invisibilidade' microscópica   (Foto: Xiang Zhang group, Berkeley Lab/UC Berkeley/Divulgação)Imagem mostra ilustração em 3D de 'capa da invisibilidade' microscópica
(Foto: Xiang Zhang group, Berkeley Lab/UC Berkeley/Divulgação)



















Uma pequena capa de invisibilidade foi inventada por cientistas norte-americanos que estão chegando cada vez mais perto de uma versão real do que até era agora um elemento de ficção científica - anunciaram os pesquisadores nesta quinta-feira (18).
A capa, apresentada na revista "Science", é microscópica no tamanho, mas poderia aumentar de tamanho no futuro - segundo físicos do Departamento de Energia do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley e a Universidade da Califórnia em Berkeley.
O aparato funciona com a manipulação da luminosidade, mudando como os raios de luz incidem sobre um objeto para que ele não possa ser detectado pelo olho.
"Esta é a primeira vez que um objeto 3D de forma arbitrária foi mascarado da luz visível", afirmou o principal autor do estudo, Xiang Zhang, diretor do Laboratório de Ciências dos Matériais de Berkeley.
"Nossa capa ultra-fina parece um casaco. É fácil de desenhar e implementar, e é potencialmente escalável para esconder objetos macroscópicos.
Nanoantenas
Usando pequenas fibras de ouro conhecidas como nanoantenas, os pesquisadores fizeram uma capa de 80 nanômetros de espessura e pode envolver um objeto tridimensional do tamanho de algumas células biológicas.
"A superfície da capa foi construída para redirecionar as ondas de luz de forma que o objeto ficou invisível para detecção ótica quando a capa é ativada", disse o estudo.
No entanto, a pequena capa ainda tem grandes limitações. Por exemplo, os padrões das nanoantenas devem ser projetados precisamente para coincidir com as saliências da superfície do objeto que está por baixo, o que significa que o objeto não pode mexer - caso contrário, perde a camada invisível.
Nem as características a serem escondidas podem ser muito grandes ou pontudas em comparação ao comprimento das ondas luminosas, porque as sombras não conseguem ser apagadas - explica Zeno Gaburro, físico da Universidade de Trento, na Itália.
"O lado que está escuro não vê a luz, então não tem jeito de corrigir (a sombra) usando essa técnica", afirma Gaburro em artigo complementar publicado na Science.
Mas Zhang está confiante de que a tecnologia possa ser eventualmente feita numa escala maior. "Não vejo obstáculos", disse.