sexta-feira, 31 de outubro de 2014

O dilema da decoreba

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O dilema da decoreba

O foco do nosso processo de ensino e aprendizagem ainda recai demais na memorização de informações. Educadora questiona se essa regra deve ser mantida, ou se devemos usá-la apenas em casos específicos.
Por: Vera Rita da Costa
Publicado em 29/10/2014 | Atualizado em 29/10/2014
O dilema da decoreba
O caráter enciclopédico de nosso ensino pode acabar afastando os estudantes do interesse e da busca pelo conhecimento. Qual o objetivo de decorar, por exemplo, os afluentes do rio Amazonas ou as fases da mitose? (foto: Freeimages/ Picaland)
Uma das grandes lástimas do ensino é o caráter enciclopédico e decorativo que ele pode assumir. E também o desgosto e o desânimo que isso pode causar, afastando por longo tempo, talvez por uma vida toda, a pessoa da busca e do mundo fascinante que leva ao conhecimento.  
Lembre-se do seu tempo de escola. Certamente você tem um caso para contar. Muito provavelmente, foi obrigado a decorar, em geografia, os afluentes da margem direita e esquerda do rio Amazonas ou, em língua portuguesa, as preposições essenciais. Em última instância, caso não tenha caído em nenhuma das ciladas, não deve ter se livrado da ‘sagrada tabuada’, que precisava ‘estar na ponta da língua’. 
Lembre-se do seu tempo de escola. Certamente você tem um caso para contar
No meu caso, por exemplo, fui vítima de todas elas. Sei de cor os afluentes da margem direita (Javari, Jutaí, Juruá, Madeira...) e esquerda (Negro, Jari, Paru...) do rio Amazonas. Sei também as preposições essenciais (a, ante, até, após, com, contra ...) e a tabuada completa, inclusive a do nove. Mas, nenhuma dessas ‘decorações’ me incomoda tanto como ter sido induzida a memorizar a tabela periódica.
Isso mesmo! Você pode não acreditar, mas fui levada a isso por um professor de química do ensino médio que achava fundamental ter 'na ponta da língua’ a sequência dos grupos (metais alcalinos; alcalinos terrosos, de transição...), bem como memorizar a posição e os respectivos números atômicos de cada elemento. “A tabela periódica – dizia ele – é a tabuada da química e tem que estar decoradinha como ela.”

Tabela e tabuada

Não sou tão velha assim. Isso ocorreu há cerca de 30 anos e, no passo em que as coisas andam em educação, imagino que isso ainda possa acontecer em nosso vasto e diversificado sistema de ensino. Se não com a química, talvez com outras disciplinas. Se não com temas como a tabela periódica, talvez com alguns tidos como mais atuais. 
Em biologia, por exemplo, sei que ainda se manda (ou se aconselha – esse termo é melhor para os tempos modernos) os alunos decorarem a sequência das fases da mitose (prófase, metáfase, anáfase e telófase) com a famosa frase mnemônica: “prometa à Ana telefonar”.  
Ou seja, fico aqui martelando os meus pensamentos e refletindo sobre o fato de que as coisas podem estar mais amenas ou mais ‘pedagogicamente corretas’ em nossa educação formal, mas que decorar ainda está muito presente em nossas escolas. 
O foco do nosso processo de ensino e aprendizagem ainda recai demais na assimilação e memorização de informações. As questões que coloco sobre isso são: deveria ser mesmo assim ou, pelo menos, em que casos isso ainda deveria acontecer?
Tabela periódica
Memorizar a sequência dos grupos, a posição e os números atômicos de cada elemento da tabela periódica pode ser contraproducente. Mais importante do que assimilar informações é aprender a lidar com elas. (imagem: Wikimedia Commons)
Talvez se justifique, por exemplo, saber a tabuada de cor, pois não é sempre que temos à mão uma calculadora (fato que, no entanto, está mudando com a invenção do telefone celular e seus aplicativos). Além disso, sempre é bom saber fazer ‘contas de cabeça’, sobretudo para quem vive em meio urbano, em que as relações de consumo regem praticamente todas as situações diárias. 
Mas o que dizer de saber de cor os afluentes da margem direita e esquerda do Amazonas, as preposições essenciais, as fases da mitose e a própria tabela periódica? Não parece um exagero injustificável? Em relação a esses temas, tenho minhas dúvidas. Não que eles não sejam interessantes ou que não devam estar presentes em nossas aulas. Ao contrário, sobre muitos desses temas precisamos ter informações, saber discutir e até opinar.

Qual o critério?

Sobre a geografia do Amazonas, por exemplo, é necessário saber em detalhe as características da bacia hidrográfica amazônica para se compreender e opinar adequadamente sobre os projetos hidrelétricos que se pretende realizar lá. Sobre a mitose, também: quanto mais se conhecer sobre esse processo de divisão celular, inclusive as fases e a sequência de mecanismos associados a ele, melhor se compreenderá o que é o câncer, como ele se espalha pelo corpo e como agem as terapias que o combatem. O mesmo vale para os elementos químicos e a tabela periódica em si. 
Não me parece justo, portanto, julgar os temas de conhecimento e tentar decidir se são mais ou menos válidos, mais ou menos úteis. A questão central está mais na forma como ensinamos e aprendemos esses temas e, principalmente, no que desejamos para a educação de nossos filhos e alunos. Queremos que eles apenas assimilem informações ou, mais que isso, que também a compreendam e saibam lidar com ela? 
A questão central está mais na forma como ensinamos e aprendemos os temas e, principalmente, no que desejamos para a educação de nossos filhos e alunos
Há um degrau significativo que separa ter informação (ser bem informado) e ter conhecimento (saber usar a informação e ser conhecedor, de fato, das coisas). Mas, em nosso dia a dia atribulado, nem sempre nos damos conta disso e é comum que acabemos valorizando, induzindo e, em algumas situações mais graves, cobrando e avaliando nossos filhos e alunos pelo que não é o mais importante. 
Meu professor de química do ensino médio, por exemplo, esqueceu-se de contar a incrível história de construção da tabela periódica; de usar a história de Dmitri Mendeleiev (1834-1907) como exemplo para transmitir uma vívida sensação de como se age em ciência ou, ainda, de exemplificar com esse caso como a obtenção de dados, sua organização e sistematização são valiosas ferramentas na busca pelo conhecimento, podendo levar a sínteses brilhantes, a previsões e a novas descobertas científicas. Isso poderia ter me animado em relação à química.
Mas, embora sério e dedicado, meu professor de química se preocupou, sobretudo, com que assimilássemos a informação literal que se encontra na tabela periódica e nos incentivou a decorá-la sem qualquer compreensão de nível um pouco mais avançado. Mesmo sem o querer, restringiu, assim, o foco de seu ensino (e da minha aprendizagem) a uma visão medíocre da química, e fez com que, durante muito tempo, cada pequeno quadradinho da tabela periódica se apresentasse para mim como nada mais que a representação de um elemento químico – seu símbolo, nome e peso atômico –, sem qualquer relação com o que estava por traz da tabela, o mundo vívido da química.  
Hoje não precisa ser mais assim. A informação está amplamente disponível e temos recursos muito bacanas para acessá-la. 
Hoje a informação está amplamente disponível e temos recursos muito bacanas para acessá-la
Dê uma olhada, por exemplo, na tabela periódica interativa que a fundação Technology, Entertainment, Design (TED), por meio de sua área voltada à educação, a TED-Ed, acaba de disponibilizar na internet. Nela, cada pequeno quadradinho da tabela periódica abre-se, como uma janela, para vídeos sobre cada um dos elementos. São 118 vídeos. Informação e explicações à beça.
Se meu professor de química fosse vivo, o que pensaria sobre isso? O que diria sobre o ensino? Insistiria em que a tabela periódica é a “tabuada da química” e precisa ser decorada ou me ajudaria a descobrir seus mistérios? 
Como era um professor interessado, imagino que tomaria o segundo caminho. Acho que se debruçaria sobre a tabela periódica comigo e me auxiliaria a pensar sobre ela, fazendo relações que hoje, justamente porque perdi tempo na adolescência decorando a própria tabela, além dos afluentes das margens do rio Amazonas, nem suspeito que existam.
Vera Rita da Costa
Ciência Hoje/ SP

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Stephen Hawking entra no Facebook e já tem quase 2 milhões de seguidores

http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2014/10/stephen-hawking-entra-no-facebook-ja-tem-quase-2-milhoes-de-seguidores.html

28/10/2014 15h57 - Atualizado em 28/10/2014 16h07

Stephen Hawking entra no Facebook e já tem quase 2 milhões de seguidores

Físico criou página em 7 de outubro e publicou seu primeiro post sexta-feira.
Em três semanas, já reuniu mais de 1,7 milhões de seguidores.

Do G1, em São Paulo
Físico Stephen Hawking criou página no Facebook em 7 de outubro (Foto: Reprodução/Facebook/Stephen Hawking)Físico Stephen Hawking criou página no Facebook em 7 de outubro
(Foto: Reprodução/Facebook/Stephen Hawking)












O físico Stephen Hawking criou uma conta no Facebook em 7 de outubro e, em três semanas, já reuniu mais de 1,7 milhões de seguidores. Os primeiros posts do cientista, conhecido por seus trabalhos sobre a teoria da relatividade e sobre a teoria quântica, foram publicados nesta sexta-feira (24).
Sua primeira mensagem incentivou seus seguidores a manterem-se curiosos: "Sempre me perguntei o que faz o Universo existir. Tempo e espaço podem permanecer para sempre um mistério, mas isso não impediu minha busca. Nossas conexões cresceram infinitamente e, agora que eu tenho a chance, estou ansioso para compartilhar essa jornada com vocês. Sejam curiosos, eu sei que sempre serei. Bem-vindos e obrigada por visitar minha página do Facebook"
Ele também postou um vídeo em que seus filhos participam do desafio do balde do gelo, para estimular a arrecadação de recursos para o combate da esclerose lateral amiotrófica, doença de que o físico sofre desde a juventude.
Hawking também comentou sobre sua participação no festival Starmus, que aconteceu em setembro nas Ilhas Canárias. O evento é dedicado a astronomia, ciência e arte. "Eu gostei muito do festival Starmus. É uma combinação de ciência e rock, duas coisas que eu amo. Eu me interessei pelas palestras dos astronautas e em por que a União Soviética não venceu Neil Armstrong na corrida à Lua." Ele escreveu que também gostou da fala de Richard Dawkins sobre a vida alienígena. "Algumas pessoas dizem que eu mesmo sou um alien, com a minha voz robótica", brincou.
Físico britânico Stephen Hawking completou 70 anos neste domingo. (Foto: AFP)Físico britânico Stephen Hawking postou primeiras mensagens no
Facebook nesta sexta (24) (Foto: AFP)

Já é, ou será algum dia, possível curar o daltonismo?

http://cienciahoje.uol.com.br/revista-ch/2014/319/verde-vermelho-azul..

Verde, vermelho, azul...

Leitora da CH pergunta: Já é, ou será algum dia, possível curar o daltonismo? Quem responde é a oftalmologista Juliana Sallum, da Universidade Federal de São Paulo.
Por: Juliana Sallum
Publicado em 23/10/2014 | Atualizado em 23/10/2014
Verde, vermelho, azul...
Os cones, células fotorreceptoras da nossa retina, têm três tipos de proteínas, chamadas opsinas, responsáveis pela percepção de cores. Os daltônicos têm uma mutação genética nessas proteínas. (foto: Freeimages/ Bonvivant)
Pergunta enviada por Samara Freitas, por correio eletrônico.

Em teoria, é possível corrigir o problema por meio da modificação genética de estruturas da retina. Mas ainda não foram feitos os testes necessários para que esse procedimento seja considerado seguro e aplicado na correção do daltonismo.
Os cones, células fotorreceptoras da nossa retina, têm três tipos de proteínas, chamadas opsinas, responsáveis pela percepção de cores. Essas proteínas têm picos de absorção para diferentes cores no espectro de luz: mais próximos do comprimento de onda do vermelho, do verde ou do azul. Elas também são responsáveis pela percepção de outras cores em outros comprimentos de onda, mas em intensidades variadas.
O mais frequente é a dificuldade para a gama das cores terra, que são a mistura do verde e do vermelho
O indivíduo daltônico tem uma mutação genética nas opsinas que faz com que ele perceba o vermelho, o verde e o azul, mas apresente baixa discriminação de tons que misturam essas cores. O mais frequente é a dificuldade para a gama das cores terra, que são a mistura do verde e do vermelho.
Existem estudos de terapia gênica em primatas nos quais uma cópia correta do gene da opsina foi inserida nas células da retina. Nessas experiências, a retina passou a expressar a opsina faltante, melhorando a percepção visual. Essa técnica tem sido usada para tratar doenças mais graves que causam cegueira, como a amaurose congênita de Leber.
O daltonismo é uma alteração que atrapalha algumas atividades específicas, mas não limita a vida do indivíduo.
O conhecimento sobre terapia gênica terá que melhorar para que esse procedimento seja seguro o suficiente para que um dia possa ser aplicado em pessoas daltônicas. Além disso, a modificação do nosso material genético produz discussões éticas sobre as quais a sociedade terá que refletir nos próximos anos.
Juliana Sallum
Departamento de Oftalmologia
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)
Instituto de Genética Ocular
Texto originalmente publicado na CH 319 (outubro de 2014). Clique aqui para acessar uma versão parcial da revista. 

Contra estresse, alemães apoiam presença de cães no trabalho

http://g1.globo.com/natureza/noticia/2014/10/contra-estresse-alemaes-apoiam-presenca-de-caes-no-trabalho.html

28/10/2014 06h00 - Atualizado em 28/10/2014 06h00

Contra estresse, alemães apoiam presença de cães no trabalho

Profissionais dizem que cachorro no escritório pode ter efeitos relaxantes.
53% dos empregadores não rejeitam presença de um animal doméstico.



Da EFE
A Bull dog Lili e Lulu, uma mistura de husky, aparecem sentados no escritório de sua proprietária em Berlim, no dia do "Colega Cão", criado por uma associação alemã (Foto: Jörg Carstensen/DPA/AFP)A Buldogue Lili e Lulu, cão que é uma mistura de husky, aparecem
sentados no escritório de sua proprietária em Berlim, no "dia do colega
cão", criado por uma associação alemã (Foto: Jörg Carstensen/DPA/AFP)


























Cada vez mais profissionais alemães se mostram favoráveis à presença de cães nos locais de trabalho para reduzir o estresse. Essa é a principal conclusão do primeiro estudo representativo sobre o tema "Cachorros no trabalho", realizado pelo site de pesquisa de opinião "Statista".
Segundo a pesquisa, encomendada pela rede social para profissionais Xing, 53% dos empregadores não rejeitam explicitamente a presença de um animal doméstico no escritório, enquanto 28% deles consideram que os bichos de estimação deveriam ser permitidos no local de trabalho.
Mais de um terço dos 1.004 entrevistados consideram que os chefes ganham pontos ao permitir a presença de cachorros no escritório e 40% dos profissionais estão convencidos de que ter o animal reduz o estresse e tem efeitos relaxantes.
Marcus Beyer, presidente da associação Berlin Dogtrainer, responsável pelo adestramento de cães, explica que ter um cachorro no escritório, algo que já é permitido em diversas empresas alemãs, não tem apenas efeitos benéficos para o proprietário do animal, mas também contribui para gerar um clima de "bom humor".
"Quanto maior o estresse contínuo, maior a possibilidade de contrair a Síndrome de Burnout [doença relacionada ao ambiente de trabalho, que causa sintomas como ansiedade, pessimismo e isolamento]. Um cachorro, neste caso, realmente pode ser de grande ajuda", garante.

Hormônio do amor
Estudos científicos internacionais mostraram que um cão no trabalho ajuda significativamente na redução dos níveis de estresse entre os empregados ao favorecer a liberação da oxitocina, que reduz a excessiva produção dos hormônios do estresse, cortisol e insulina.
"Quando alguém na rua faz carinho no meu cão, Chester, brinco que acaba de tomar a sua dose diária de oxitocina", afirmou Beyer ao falar de seu animal, que tem o cargo de "encarregado de assuntos caninos" na sua associação.
A Federação Protetora dos Animais Alemã também está convencida de que, em certas circunstâncias, um animal pode ser benéfico em um escritório. Para mostrá-lo, a organização criou o "Dia do colega cão", quando as empresas participantes da iniciativa, realizada anualmente, permitem que seus funcionários levem seus animais de estimação ao trabalho.
Na edição deste ano, que aconteceu em 26 de junho, mais de mil empresas de todos os setores abriram suas portas para que o melhor amigo do homem entrasse.

domingo, 26 de outubro de 2014

Cobra píton dá à luz seis filhotes sem nenhum contato com macho

http://g1.globo.com/natureza/noticia/2014/10/cobra-piton-da-luz-seis-filhotes-sem-nenhum-contato-com-macho.html

24/10/2014 06h00 - Atualizado em 24/10/2014 06h00

Cobra píton dá à luz seis filhotes sem nenhum contato com macho

Caso ocorreu no Zoológico de Louisville, nos Estados Unidos.
Este foi o primeiro registro de partenogênese, ou 'parto virgem', na espécie.

Do G1, em São Paulo
Cobra Thelma, que deu à luz seis filhotes sem ter tido contato com machos (Foto: Reprodução/Facebook/Louisville Zoo)Cobra Thelma, que deu à luz seis filhotes sem ter tido contato com machos
(Foto: Reprodução/Facebook/Louisville Zoo)
















Uma cobra de 11 anos que nunca tinha tido contato com nenhum macho deu à luz seis filhotes no Zoológico de Louisville, no estado do Kentucky, nos Estados Unidos. A equipe do zoológico e pesquisadores da Universidade de Tulsa comprovaram, desta forma, que a espécie é capaz de fazer partenogênese, ou o "parto virgem", quando a reprodução ocorre sem fecundação.
O parto, ocorrido em 2012, foi a primeira ocorrência desse tipo já registrada para a espécie de cobra. O achado foi publicado na revista científica "Biological Journal of the Linnean Society" em julho. "Estamos muito orgulhosos de termos contribuído para o cânone do que o mundo sabe sobre essa espécie", declarou o zoológico, em um post em sua página do Facebook.
Na foto, um dos filhotes sem pai, nascidos da píton Thelma (Foto: Reprodução/Facebook/Louisville Zoo)Na foto, um dos filhotes sem pai, nascidos da píton Thelma
(Foto: Reprodução/Facebook/Louisville Zoo)

sábado, 25 de outubro de 2014

O zero absoluto (#Canal da Física)


Arqueólogos encontram no Peru pedra inca com 13 arestas

http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2014/10/arqueologos-encontram-no-peru-pedra-inca-com-13-arestas.html

25/10/2014 06h00 - Atualizado em 25/10/2014 06h00

Arqueólogos encontram no Peru pedra inca com 13 arestas

Descoberta foi feita este mês durante escavações em canal hidráulico.
Até agora, a pedra de origem inca mais famosa era a de 12 arestas.

Da France Presse
 Pedra do império inca com 13 arestas foi mostrada pelo Ministério da Cultura (Foto: AFP Photo/Proyecto de Investigacion/Vilcashuaman–Pisco/Ministerio de CulturaCultura)Pedra do império inca com 13 arestas foi mostrada pelo Ministério da Cultura
(Foto: AFP Photo/Proyecto de Investigacion/Vilcashuaman–Pisco/Ministerio de CulturaCultura)


















Arqueólogos peruanos encontraram uma pedra singular inca com 13 arestas talhadas, a primeira do tipo descoberta no Peru, durante escavações em um canal hidráulico dessa época no monte Incawasi, no sudeste do país.
A descoberta foi feita este mês, durante a exploração de um trecho da trilha de Qhapap Ñan (Caminho Inca, em quéchua) que ligava o Império Inca (Tahuantisuyo), estendendo-se por seis países - Argentina, Chile, Bolívia, Peru, Equador e Colômbia -, informou nesta sexta-feira (24) o ministério peruano da Cultura.
O Caminho Inca foi declarado, em junho passado, Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco, uma distinção que reconhece o engenho de um sistema pré-hispânico que surpreendeu o mundo.
Até agora, a pedra de origem inca mais famosa era a de 12 arestas, que integra o muro do palácio arcebispal de Cusco, antiga capital do império inca. Este palácio foi, antes, a residência do imperador Inca Roca. A pedra de 12 arestas é considerada Patrimônio Cultural da Nação.
Perfeccionista
A nova pedra descoberta tem um desenho perfeccionista feito com linhas retas e sem curvas, não possui assimetrias e faz parte da fonte de um sistema hidráulico, que servia para fazer um manejo ritual da água no sítio arqueológico Incawasi, situado no distrito de Huaytará, na região Huancavelica.
Segundo o ministério da Cultura, ainda não é possível determinar se este sistema funcionou para fins agrícolas ou se era parte de um ritual dedicado à água.
A água é venerada há vários séculos nos Andes pelos povos que vivem ali, que atribuem a ela uma origem sagrada, vinda do interior das montanhas ou da terra, para depois percorrer vales e ajudar no crescimento de seus cultivos.
O império incaico ou Tahuantinsuyo se estendeu entre os séculos XV e XVI.

A internet e o acesso rápido à informação está nos deixando mais burros?

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Convicções e crendices

http://cienciahoje.uol.com.br/alo-professor/intervalo/2014/10/conviccoes-e-crendices

Convicções e crendices

Educadora recomenda livro que mostra como o cérebro constrói nossas crenças e as transforma em verdades, e constata quão árdua é a tarefa de substituir ideias preconcebidas baseadas no conhecimento intuitivo pelas de caráter científico.
Por: Vera Rita da Costa
Publicado em 23/10/2014 | Atualizado em 23/10/2014
Convicções e crendices
A maioria fundamenta suas crenças em fatos filtrados pelo cérebro através das lentes coloridas de visões de mundo, paradigmas, hipóteses, tendências e preconceitos acumulados durante a vida. (foto: Maritè Toledo/ Flickr – CC BY-NC-ND 2.0)
Acabo de ler um interessante livro que todo professor de ciências deveria conhecer. Trata-se de Cérebro e crença, de Michael Shermer, historiador da ciência, editor e fundador da revista Skeptic e colunista da Scientific American.
O porquê dessa indicação? É simples e se encontra no próprio subtítulo da publicação, o qual informa que o objetivo da obra é justamente discutir ‘como nosso cérebro constrói nossas crenças e as transforma em verdades’.
O livro trata, indiretamente, sobre por que é tão difícil ensinar ciências e promover em nossos alunos a substituição das ideias preconcebidas
Em outras palavras, mais próximas do universo pedagógico, o livro trata, indiretamente, sobre por que é tão difícil ensinar ciências e promover em nossos alunos a substituição das ideias preconcebidas, baseadas em geral no conhecimento de senso comum, intuitivo e cotidiano, por aquelas de caráter científico. 
Pesando melhor, a leitura de Cérebro e crençanão interessaria apenas a professores de ciências. Mas a todos, principalmente nestes tempos bicudos em que, escudados pelo distanciamento físico que as redes sociais propiciam, promovem-se na internet discussões virtuais e virulentas sobre tudo. 
Com a leitura deste livro, seria possível refletir melhor e ponderar sobre a origem e a racionalidade das próprias ideias, antes de defendê-las a qualquer custo ou de combater com unhas e dentes aquelas que lhes são diferentes ou opostas. 
Seria possível perceber, por exemplo, que muitas das convicções que se tem são apenas racionalizações pessoais ou versões próprias a que se chegou por uma grande variedade de razões, nas quais se incluem fatores como a personalidade e o temperamento, a dinâmica familiar e o ambiente cultural com que se convive, além das experiências de vida acumuladas. 
Nossas convicções não necessariamente estão baseadas apenas em fatores relacionados à inteligência, à escolarização ou ao nível de informação que pretensamente julgamos ter
Nossas convicções, como diz o autor, não necessariamente estão baseadas apenas em fatores relacionados à inteligência, à escolarização ou ao nível de informação que pretensamente julgamos ter. Também não se baseiam em uma análise imparcial de prós e contras ou no uso da lógica e da razão para definir e escolher os fatos que as apoiam.
 A maioria de nós, a maior parte do tempo, como nos informa Shermer, fundamenta suas opiniões e crenças em fatos filtrados pelo cérebro através das “lentes coloridas de visões de mundo, paradigmas, teorias, hipóteses, conjeturas, pistas, tendências e preconceitos que se acumulam durante a vida”. 
Em ‘pedagogês’, diríamos que nosso conhecimento se baseia muito mais em formas de pensamento e aprendizagens implícitas do que em formas explícitas, racionais e lógicas, como é característico do pensamento científico. 
Por isso, como dizem Juan Ignácio Pozo e Miguel Crespo em seu livro A aprendizagem e o ensino de ciências – do conhecimento cotidiano ao conhecimento científico, a aprendizagem de ciências é tão difícil. Para se concretizar, ela exigiria uma mudança conceitual profunda, com a substituição do conhecimento de caráter cotidiano e implícito por aquele científico e reflexivo. Ou, pelo menos, como defendem certos autores, que o aprendiz reconheça a existência desses dois diferentes tipos de conhecimentos e aprenda a ativá-los em diferentes momentos e situações, de acordo com o contexto e a necessidade.

Truques cerebrais

Mas, voltando ao livro de Shermer, é interessante acompanhar as informações e a argumentação que ele usa para mostrar que somos ‘viciados’ em selecionar, entre todas as informações e fatos com os quais travamos contato, apenas aqueles que confirmem o que já acreditamos, ignorando ou afastando mediante racionalização aquilo que contradiz nossas crenças. Com isso, diz o autor, tornamo-nos mais e mais seguros e convictos de nossas posições. Tornamo-nos, também, mais e mais refratários a ideias diferentes e menos permeáveis às propostas de mudanças.
As ideias expressas em Cérebro e crença estão baseadas em pressupostos das neurociências e da biologia evolutiva e, dentro desta, em uma área que vem sendo chamada de ‘biologia da crença’. 
Nuvens
Quando identificamos rostos humanos em nuvens, estamos diante da tendência de nosso cérebro à ‘padronicidade’ – a tentativa cerebral de encontrar e reconhecer padrões onde na verdade não existem. (foto: Grażyna Suchecka/ Freeimages)
Um desses pressupostos é a ideia de ‘padronicidade’, segundo a qual nosso cérebro estaria “pré-programado pela evolução” para reconhecer padrões e agir com base neles. Outro é a ideia de ‘acionalização’ ou a tendência que nosso cérebro possui de também forjar justificativas que validem esses padrões e os transformem em crenças.  
A ‘padronicidade’, como explica Shermer, é uma característica adaptativa que conferiu à nossa espécie vantagens evolutivas, entre as quais a rapidez de pensamento e ação. 
Shermer: Somos tão ‘apegados’ a certos padrões e ‘viciados’ em reconhecê-los que nos arriscamos a encontrá-los rapidamente onde não existem, ou tentamos enquadrar fatos neles, de forma a torná-los significativos, mesmo quando não o são
Somos tão ‘apegados’ a certos padrões e ‘viciados’ em reconhecê-los, informa o autor, que nos arriscamos a encontrá-los rapidamente onde não existem, ou tentamos enquadrar fatos neles, de forma a torná-los significativos, mesmo quando não o são.  
Quando, por exemplo, identificamos rostos humanos em nuvens e paisagens, estamos frente a frente com a tendência de nosso cérebro à ‘padronicidade’ ou, ainda, diante de uma reação mental ‘automatizada’ de reconhecimento de padrões faciais e da imagem humana, onde, de fato, eles não existem.
A ‘acionalização’, por sua vez, está relacionada à tendência do cérebro humano de completar informações, inferir, deduzir e criar enredos apenas com base em fragmentos da realidade.  
Como explica Shermer, além de buscar sempre filtrar os dados, segundo os padrões pré-existentes e que lhe são mais facilmente reconhecíveis, o cérebro humano também tem a tendência de acomodar ou adaptar o que é novidade a esses padrões e modelos já conhecidos. 
O cérebro acaba, assim, ‘editando’ as informações que recebe, complementando-as, realçando aquelas que conferem com os padrões que já possui e reinterpretando-as a sua maneira própria. Dessa forma, acaba também por justificar e validar as ideias e modelos preexistentes, em um processo de retroalimentação e reforço de ideias e padrões. 
Tornamo-nos, assim, crentes em nossas próprias ideias e defensores intransigentes de nossas posições, mesmo que elas tenham sido forjadas de maneira ‘rápida e rasteira’ ou estejam baseadas em pressupostos distantes daqueles considerados racionais. 
Se você é professor de ciências ou frequentador das redes sociais na internet, lembre-se disso em sua próxima aula e em sua próxima discussão virtual. As ideias, quando se transformam em crenças arraigadas, se tornam fortalezas contra a aprendizagem.
Lembre-se também de que o processo vale para os dois lados. Nem mesmo a mente de um gênio – como diz Shermer – é capaz de anular os desvios cognitivos que favorecem o pensamento não científico.
Vera Rita da Costa
Ciência Hoje/ SP